segunda-feira, 30 de junho de 2008

Algo de podre no reino da Dinamarca

Gaúcho de Alegrete, João Alves Jobin Saldanha (1917-1990), foi um dos vários personagens folclóricos do futebol brasileiro. De personalidade forte e declarações sem freio, tinha talento tático para armar times ofensivos, apesar de ter começado como cartola e terminado como comentarista. Montou e recuperou a seleção brasileira durante as eliminatória da Copa de 70, que agonizava sem credibilidade alguma.

Era treinador “casca grossa”, teimava até com a “grama” na cabeça dos crioulos, criticando os jogadores que usavam penteado “black power”, pois atrapalhava para cabecear. “Se o nego cabeceia é capaz da bola ficar parada aqui”. Mas sabia montar um time. Ganhava a confiança dos boleiros por ser direto e, principalmente, deixava jogar. “O professor é bom porque ele deixa a gente jogar do nosso jeito”, afirmou Garrincha nos nãos 60.

Mas, ao contrário de Dunga, atual técnico da seleção, não deixava que interferissem em seu trabalho. Quando tentaram, bateu o pé. Pouco antes da Copa do México, o presidente Médici exigiu a convocação do atacante Dada Maravilha. Saldanha não aceitou. “Quem escala a seleção sou eu, quando o presidente escalou o seu ministério ele não pediu a minha opinião”. Militar no poder, Saldanha na rua.

Dunga deveria se espelhar em pouco no velho Saldanha. Se pelo talento em montar equipes não é possível, seja então pela postura firme, que até tinha quando estava em campo. Triste é ver o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, escalar Ronaldinho Gaúcho para a disputa das Olimpíadas durante entrevista ao Jornal Nacional.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Frozen my ass out

A madrugada de terça-feira, 17 de junho, foi a mais fria dos últimos quatro anos em Curitiba, atingindo, segundo informações do Simepar, -3ºC. Ao amanhecer a temperatura de 5ºC preservava a camada de gelo na superfície de tudo que estava exposto ao tempo, formando paisagens de cartão postal daquelas cidades pequenas da europa.

Curitiba é a capital mais fria do país, e em poucos destaques que têm no cenário nacional -tirando os questionáveis slogans de cidade ecológica e do bom sistema de transporte coletivo, ela é lembrada na hora da previsão do tempo do Jornal Nacional, quando a garota do tempo anuncia a temperatura e espanta os espectadores de outras regiões do país.

Apesar do intenso frio, a esperança de nevar é pequena. A última, e talvez a única oportunidade que a neve foi vista na região, foi no dia 17 de julho de 1975, quando nevascas (sim, é este mesmo o nome, mas claro, com intensidades diferentes) incomuns atingiam praticamente toda a região Sul, e o termômetro em Curitiba registrou uma de suas menores temperaturas: -6,0ºC. A temperatura é a mínima absoluta registrada pelo Simepar, mas segundo o livro "Geografia do Brasil", de Marcos de Amorim Coelho e Nilce Bueno Soncin, a temperatura na cidade já chegou a -8,9°C em 14 de junho de 1920.

A combinação entre altitude e umidade da cidade é muito semelhante ao dos estados da Geórgia ou da Carolina do Sul, nos Estado Unidos, regiões habituadas com a neve. Mas por que não neva em Curitiba, se a partir de 0ºC é possível nevar?

Basicamente e exclusivamente devido a umidade do ar. Em Curitiba esta umidade no inverno fica em torno de 35%, pouco para possibilitar a precipitação de neve, que pode ocorrer facilmente entre as temperaturas registradas na cidade, que variam entre -3ºC e 5ºC.
Partida realizada sob fina camada de neve em Caxias do Sul, entre Juventude e Fluminense em 1968 e Curitiba em 1975.


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Friday the 13th


Triscaidecafobia é o medo do número 13. Juntando com a sexta-feira, este medo passa a ser pavorosamente chamado de paraskavedekatriaphobia, parascavedecatriafobia ou mesmo frigatriscaidecafobia.

Mas o que faz esta combinação causar arrepios para os supersticiosos ou simplesmente ser lembrada?

Na história, a superstição teria origem na sexta-feira 13 de outubro de em 1307, quando a Ordem dos Templários foi taxada ilegal pelo rei francês Filipe IV. Os membros foram perseguidos em toda a França, torturados e executados sob a alegação de heresia.

A justificativa cristã para o símbolo da desgraça remete aos 13 membros da Santa Ceia, onde logo em seguirda Jesus morreu. Era uma sexta-feira. A combinação de número e data tornou-se uma combinação de horror para os cristãos.

Além da justificativa cristã, existem lendas que desvendam o assunto. A primeira delas conta que na Escandinávia existia a deusa do amor Friga (que deu origem a friadagr, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa, exilada no alto de uma montanha. Como vingança ela passou a se reunir, toda sexta-feira, com outras onze bruxa e mais um demônio para rogar praga sobre os humanos.

A outra lenda é da mitologia nórdica. No valha, a morada dos deuses, houve um banquete onde foram convidados doze divindades. Loki o espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga em que morreu o favorito dos deuses. Este episódio serviu para consolidar o relato bíblico da última ceia, onde havia treze à mesa, às vésperas da morte de Cristo. Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa.

Apesar das variadas histórias sobre a origem da sexta-feira 13, foi o cinema que disseminou o legado para as gerações contemporâneas. O filme de terror Sexta-Feira 13 (Friday the 13th), aproveitou da superstição que a data trazia e contou a história de Jason, que morreu quando era apenas um garoto (13 de junho de 1957) afogado em um lago. Nunca ninguém conseguiu encontrar seu corpo. Sua mãe, desesperada, começou a matar todos que achava culpado pela morte do filho e acabou morta. Mas Jason não havia morrido e anos mais tarde voltou para vingar a mãe.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Cartolas no fio do bigode

Uma amostra de incompetência administrativa, burrice ou sorte. O zagueiro Henrique (20), formado pelo Coritiba e destaque do time nas últimas duas temporadas, era a certeza de lucro para os cofres do clube mais evidente dos últimos 20 anos. Os laterais Adriano e Rafinha, negociados em 2005, também deram lucro, mas não tão óbvias.

Apesar da possibilidade concreta da presença dos Jogos Olímpicos de Pequim, que resultaria em uma valorização certa e natural, a diretoria do Coritiba não viu deste jeito e negociou seus direitos federativos para a Traffic, que por sua vez repassou ao Palmeiras. Os valores: 2,5 milhões de euros.

O provável virou concreto. O zagueiro além de garantir a posição nas Olimpíadas, foi convocado para a seleção principal. Sua valorização atingiu o teto e despertou interesse do gigante Barcelona. Estima-se que a transação, dada como certo pela imprensa paulista, gire em torno de 10 milhões de euros, 300% de valorização em relação à pechincha que o Coxa fez ao Palmeiras.
Cara fechada pensando na péssima conta que fez? Não. Os cartolas alviverdes estão contentes que irão receber 5% da transação, pois o Coxa é o clube que revelou Henrique. Essa comemoração patética pelo farelo que irá receber mostra a falta de conhecimento na parte comercial de um clube de futebol, essencial para sua subsistência.

Voltando ao caso de Rafinha, também com os pés nos Jogos, o lateral do Shalke 04 rendeu ao clube, sob uma administração mais inteligente para negócios, quase 10 milhões de euros. Três vezes mais do que foi pago pela Traffic.

Incompetência administrativa, acaso, sorte ou burrice? Não sei.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Slept drunk in Metallica....wake up with hangover in Megadeth

Los Angeles, 1982. Dave Mustaine, James Hetfild e Lars Ulrich formam o Metallica. Mustaine era um talento na guitarra. No gargalo também. Sabendo do problema que teriam antes de assinarem contrato com uma gravadora, Hetfiled e Lars falam para Johnny Z (que estava montando o selo Megaforce). "Dá para você se livrar do nosso guitarrista". No dia seguinte, pela manhã, após um show, Dave acorda de ressaca dentro de um ônibus de volta a L.A. Era o fim de Mustaine no Metallica. A briga e a mágoa com os antigos colegas de banda fizeram Mustaine jurar se vingar e montar um grupo melhor que o Metallica. Era o início do Megadeth.

Mustaine não conseguiu cumprir o que jurou, mas foi responsável pela condução de uma das maiores bandas de trash metal de todos os tempo, mas sempre um andar abaixo dos ex-colegas. Com um músicas mais rápidas e instrumentos mais técnicos, além de um vocal inconfundível, o Megadeth lançou uma seqüência de ótimos álbuns - Killing Is My Business... And Business Is Good (85), Peace Sells But Who's Buying (86) e So Far So Good So What (88).

Em paralelo ao sucesso Mustaine mantinha vícios da juventude. Sempre menosprezando a participação dos outros membros e constantemente sofrendo overdoses ou sendo preso por porte de drogas. Em uma de suas muitas overdoses foi constatado que havia ingerido oito tipos de drogas de uma só vez.

Com a troca constante de baixistas e bateristas, Mustaine seguiu com sua banda lançando bons discos - Rust In Peace (90), Countdown To Extinction (92), Youthanasia (94), Hidden Treasures (95), Cryptic Writings (97), Risk (99) e The World Needs a Hero (01).

Logo após a turnê do lançamento do último disco, Mustaine anuncia o fim do banda. Em comunicado oficial explicou que uma grave lesão no braço prejudicaria a sua performance na guitarra e que aproveitaria a oportunidade para dar mais atenção à sua família, deixada de lado durante os anos de turnês e gravações. Recuperado, o vocalista junta a banda e lança Rude Awakening (02), The System Has Failed (04) e United Abominations (07).

E é esta mistura de discos que influenciaram e se tornaram referência que Mustaine traz em sua primeira apresentação com o Megadeth a Curitiba. Mustaine não é Hetfild, assim como Megadeth não é Matallica. Mas a competência de um anda muito próxima com a do outro.