terça-feira, 30 de maio de 2006

Voltando para casa

Paraná Clube retorna a Vila Capanema em menos de três meses

Voltando para casa. Este é o sentimento que toda a nação paranista está sentindo desde novembro do ano passado, quando começaram as reformas no estádio Durival Britto e Silva, a Vila Capanema. O estádio inaugurado no dia 23 de janeiro de 1947 já foi casa do Ferroviário e desde 89, após a fusão do clube com o Pinheiros, tornou-se a casa do Paraná Clube. Mas após a mudança para o Pinheirão, devido a problemas judiciais e normas da CBF, o estádio não recebe mais jogos oficiais do Paraná. O Campeonato Brasileiro da Série B em 2000 foi o último do tricolor na sua casa.

Mesmo jogando no estádio da Federação Paranaense o torcedor nunca assumiu o Pinheirão como sua casa e sempre manifestou o desejo de retornar a Vila Capanema. A importância que o estádio possui ficou evidente em 2003, quando o Paraná estava nas vésperas de começar o “Torneio da Morte”, com chances de cair para a segundona do paranaense e a diretoria transferiu os jogos para a Vila, aproximando sua torcida dos jogadores.

Estádio de muitas tradições, palco de duas partidas da Copa do Mundo de 1950, o Durival de Britto passa por reformas para trazer, finalmente, o futebol do Paraná Clube de volta ao seu lugar de origem. As obras estão em fase de conclusão dos camarotes e da curva norte, dois dos principais pontos do projeto. Atualmente com cinqüenta pessoas trabalhando, a primeira fase da obra encerra-se no final do mês de maio, quando a parte “pesada”- construção de estruturas de concreto serão finalizadas. Restando para a segunda etapa o acabamento, que incluí desde a instalação da rede elétrica e hidráulica ao pastilhamento e pintura. Essa etapa final tem prazo de conclusão no mês de agosto de 2006.

“A obra possuí cinco níveis distintos: camarotes, curva norte, áreas internas, áreas externas e gramado. Estamos na atual fase de conclusão dos camarotes e da curva norte. Após essas suas etapas vamos dar início a revitalização das áreas internas e externas”, explicou Márcio Villela, vice-presidente de Planejamento do Paraná e Presidente da Comissão de Obras.

Camarotes
Todos os cinqüenta e seis camarotes construídos estão em fase de acabamento. Os trabalhos se concentram na instalação hidráulica e elétrica, do elevador e da cobertura do local. A comercialização dos camarotes foi o carro-chefe para o início da reforma do estádio, arrecadando o dinheiro necessário para o início das obras. “Eles deram a sustentação econômica para viabilizar a obras. As cinqüenta e seis unidades iniciais foram todas vendidas, tanto que nós estamos abrindo mais 16 unidades para venda”, completou Villela. A compra de camarotes por ex-jogadores do Paraná como Paulo Miranda e Ricardinho, e por pessoas influentes como o dirigente do Atlético Mário Celso Petraglia e do empresário Carlos Ratinho Massa, foram importantes para alavancar o projeto. “Isso mostra o quanto o Paraná é forte e querido”.

Curva Norte
Outra prioridade nas obras da nova Vila Capanema foi a ampliação da curva norte, setor de arquibancadas situada nos gols de fundos, mais próximo da estação ferroviária. O local que antigamente abrigava 3.250 torcedores em cinco degraus, passou para 7.100 com os catorze novos degraus construídos, possibilitando uma visão privilegiada com campo.
O setor das arquibancadas da curva norte passa a ter uma área circulação bastante ampla, com três mil e quinhentos metros quadrados, transformando-se no ponto de referencia do estádio, inclusive abrigando a nova entrada principal, que será feita pela Rua Dario Lopes dos Santos, continuação da Av. Getúlio Vargas.
No atual estágio das obras, a curva norte está em fase de conclusão, onde estão sendo realizados trabalhos de vedação frontal da arquibancada e finalização dos banheiros, lanchonetes, bilheteria, além da concretagem do piso. No mês de junho inicia-se o processo de pastilhamento das paredes.

Áreas internas e externas
Após a conclusão dos camarotes e curva norte será iniciado o processo de revitalização das áreas internas do estádio. Isso engloba a reforma dos banheiros antigos, vestiário principal, dos adversários e do juiz, sala de imprensa e recuperação dos alambrados. Além do último estágio que é destinado a pintura de todos os setores.

As cadeiras sociais passaram por uma reforma e já estão sendo comercializadas. “Nós já colocamos a disposição do torcedor a comercialização das trezentas e quinze cadeiras sociais. A grande necessidade agora é a venda destas cadeiras para concretizar o final da obra”, afirma Nilson Scheffler, membro do gestor financeiro.

O relógio de ponteiros, maior símbolo do estádio permanece em seu lugar original, agora entre os novos camarotes. A decisão de manter o relógio foi unânime para preservar a história do local. “Trata-se do maior símbolo do Durival de Britto e não tinha por que removê-lo. O motor foi reformado há pouco dias e o relógio será completamente restaurado”, acrescentou Armando Lira, membro do conselho deliberativo.
Já as cabines de imprensa que não apresentavam segurança suficiente para sua utilização, foram completamente remodeladas para melhor receber os membros da imprensa. Para sua conclusão resta apenas a construção de uma rampa de acesso. Assim como o setor destinado a torcida adversária, que permanece na curva da Rua Engenheiros Rebouças. As arquibancadas estão sendo recuperadas e uma lanchonete está sendo construída para melhor atender o torcedor.

Após a conclusão das áreas internas do estádio a último passo é iniciado. Começa a etapa de paisagismo do lado de fora do estádio, quando o último retoque é feito deixando o Durival de Britto com novo visual.

Cronograma
Em pouco mais de seis meses de obra, o cronograma inicial do projeto passou por algumas mudanças, mas Márcio Villela ressalta que a obra está no prazo. “Não há atraso na obra. No início nós contemplávamos um projeto, mas no decorrer das obras nós ajustamos isso para atender uma nova necessidade que foi a revitalização da curva norte, passando a ser a entrada principal. Então este realinhamento do projeto que nos trouxe no mínimo 90 dias a mais de obras. Não está atrasado, está no cronograma do novo projeto”.

Gramado
O gramado da Vila Capanema passou em novembro passado por um processo de tratamento e nivelamento. Mesmo sendo utilizado pelo time profissional para os treinamento diários o gramado recebe uma manutenção diária. “Não será necessário à troca completa do gramado pois ele se encontra em ótimo estado. O campo está perfeito e já está pronto para recebe os jogos”, declarou o presidente da Comissão das Obras.

Estacionamento
Um dos últimos passos na conclusão do estádio e que ainda não foi iniciado será a construção do estacionamento. O local que abrigará seiscentos e vinte automóveis será distribuído em setores diferentes do estádio. “Ele será dividido em três partes. A primeira destinada aos proprietários de camarotes, o segundo atendendo os torcedores das sociais, curva norte e reta do relógio e o terceiro exclusivo para os visitantes”, explica Villela.

Financeiro
A grande preocupação dos torcedores desde o início das obras na Vila Capanema foi a questão financeira. O sonho de reformar o estádio e voltar para casa não podia ser embargado e, consequentemente, adiado. Mas as contas das obras estão em dia, como explica Scheffler. “Na prestação de conta está tudo quitado, as contas não estão em atraso, o projeto caminha de forma sólida, com as contas em dia. Nenhum passo é dado sem não houve fundos. É importante ressaltar também que todo recurso da obra vem da contribuição do torcedor, não teve financiamento, influência do futebol ou do clube, apenas da venda de camarotes, da venda de produtos e da contribuição dos torcedores”.

Como ocorreu com Atlético e Coritiba que após a construção e reformas de seus estádios passaram a ter maior presença do público, o foco inicial do projeto no Durival de Britto sempre foi o torcedor paranista. Este torcedor que após a conclusão das obras terá um estádio seguro, aconchegantes, atendendo todos as normas do Estatuto do Torcedor. Essa reaproximação do torcedor com o time na Vila Capanema será fundamental para o sucesso do clube no futuro. “O torcedor será o maior beneficiado. Terá um estádio novo em todos os sentidos, com condições boas para assistir aos jogos e empurrar o time. Com certeza nossa média de público vai dobrar porque era desejo do torcedor paranista voltar para casa”, afirma Villela. “Uma vez aqui na Vila, nós não sairemos mais da Vila. Voltaremos para ficar”.